terça-feira, 8 de setembro de 2009

Vaca says: Múúúúúsica

Como disse ontem, hoje é para cascar no povo. Depois de 30 segundos a pensar não muito exaustivamente cheguei à fácil conclusão que o povo não gosta de música. Com os meus conhecimentos de música, tanto como os meus conhecimentos de cinema, consigo tornar este tema tão "aborrecido" para as pessoas como o de quinta-feira foi. E é isso mesmo que eu quero fazer. Que se lixe ter mais visitantes! Que se lixe que alguém meta os pés no meu blog! Eu não vou aqui falar de U2 ou de gajos que façam as pessoas ter uma má ideia do que é a música! Eu não quero no meu blog gente completamente obesa de tanto comer lixo televisivo oferecido pelo governo! Eu quero aqui gente que não se incomode a ler verdades, e a trabalhar o cérebro. Não quero pessoas cujo cérebro está a entrar em completa atrofia por falta de desenvolvimento e prática da inteligência. Se acham que o povo português gosta de música, eu discordo. Acompanhem-me no meu raciocínio. O povo português gosta de ritmos constantes, malhas com 3 notas que se repetem 16 vezes, refrões atrás de refrões com arranjos completamente simples e comerciais, o instrumental é melhor ser cortado porque senão as pessoas adormecem, a música não pode ser elaborada porque tem que ficar na cabeça (quem é inteligente consegue decorar mentalmente instrumentais de 15 minutos e ficar com eles na cabeça, o Homem comum contemporâneo não consegue). O que as pessoas gostam de ouvir é alguém a cantar algo simples que eles também conseguem facilmente cantar, exactamente por essa razão: para eles também poderem cantar e acompanhar a fraca melodia. Se toda a gente consegue cantar o que os Xutos & Pontapés conseguem cantar, o que faz deles artistas? Ou será que toda a gente é artista? O que as pessoas gostam de ouvir nem é alguém a cantar, o que gostam de ouvir é gente a "cantarolar" e mesmo cânticos como se pode ouvir num miserável jogo de futebol. A música "Maria" dos Xutos & Pontapés, por exemplo, é uma pequena amostra do que é claramente um cântico desportivo e não música. É claro que na arte como em tudo, há coisas boas e coisas más. Há música boa e música má. Mas a minha paixão enorme pela música não me deixa ficar calado enquanto as pessoas gostam de denegrir o nome da música. A palavra MÚSICA tem vindo cada vez mais a ser completamente esmurrada e espancada com uma marreta por toda a gente. Os homens das cavernas na idade da pedra são completamente comparáveis ao povo de hoje. Simplesmente o facto das pessoas hoje em dia serem tão convencidas fá-las serem levadas ao engano pensando que são inteligentes só porque tiveram uma boa nota num teste de matemática da escola. O que é certo é que quando o Homem descobriu a inteligência foi fazendo associações, tendo pensamentos em vez de simplesmente pensar, foi desenvolvendo a descoberta que os distingue de todos os outros animais. Com tanto avanço científico-tecnológico e em termos de valores sociais de agora, as pessoas têm a "papinha" toda feita e não precisam de mexer uma palha nem carregar no botão "ON" do cérebro. Para quê fazer isso se estão todos tão confortáveis com a alavanca pressionada no "OFF"? Isto não é o estagnar do desenvolvimento da inteligência, isto é um completo retrocesso. Nesta cavalgada pela cultura e tentativa de ser um visionário, tentando modificar a forma de pensar de todos nós, quando eu chegar à minha morte ou estarei orgulhoso por ter sido bem sucedido e ter conseguido com que as minhas palavras acabassem por ser passadas de pessoa em pessoa até conseguir com que toda a gente carregue no "ON", ou então morrerei feliz por abandonar este mundo de ignorantes. Se acham que estou a chamar-me inteligente que fique bem claro que não o estou a fazer. Estou a chamar-me filósofo pelo meu amor à sabedoria e a vontade de tornar o Homem no que todos dizem que ele é, por completa ilusão. E mesmo se me estivesse a considerar entre os 10000 homens mais inteligentes do país, simplesmente vejam as audiências dos jogos de futebol, das Tardes da Júlia, das novelas da TVI e dos canais de filmes pornográficos, e vejam já os milhões de pessoas cuja cabeça é um simples pote de bolachas fora do prazo. Como é que há gente a gostar de ouvir Pedro Khima? Como é que tanta gente ouve Green Day? E música popular brasileira? É realmente um assunto sério. O que se passou com os arranjos e o desenvolvimento que os compositores da música clássica deram à música há alguns séculos atrás? As músicas agora começam com voz, e o instrumental só lá está para acompanhar. Onde está a introdução instrumental? Eu não tenho preconceitos com nenhum instrumento nem com nenhum estilo de música em particular, mas vários estilos de música precisam de ser aproveitados para ser desenvolvidos. A rádio corta o pouco instrumental que as músicas medíocres que colocam têm. Tudo o que é exibido em todo o lado, só tem sucesso se for fácil de cantar para as pessoas poderem acompanhar e fácil de perceber. Se alguém faz algo mais, que nem precisa de ser muito, já é muito para a cabeça das pessoas. Já os Metallica, conseguiram combater um pouco isto ao lançarem o Single "The Day That Never Comes". Tem uma introdução simples e o James começa a cantar com uma voz melódica e agradável, mas não muito elaborada. A partir dos 3 minutos (o tempo que qualquer música comercial acaba) até aos 8 minutos os arranjos tornam-se muito elaborados para algo que vende muito. Já quem não tem uma estratégia destas para vender, tem mais respeito da minha parte já que não é o vender e fazer dinheiro que importa, mas sim o fazer boa música. Introduções instrumentais de 3 a 5 minutos já se tornam difíceis de ouvir para as pessoas, e isto é mais que uma prova que as pessoas não gostam de ouvir música, mas alguém a "quase falar" ou a cantar como se estivesse no chuveiro (como David Fonseca a assobiar). Onde se encontram aqueles interlúdios instrumentais deliciosos de se ouvir em qualquer música que não seja só instrumental? Portugal funciona assim: os músicos podem ter formação musical, mas não percebem de composição musical como o grande Vitorino D'Almeida percebe. Eu queria que vocês tivessem um conhecimento do que eu ando a estudar e ando recentemente a ler sobre música. Aconselho-vos a lerem o livro "O Convite à Música" de Roland de Candé. Porém este não é um livro para iniciados. Eis o que diz no livro sobre arranjos: "...Na chamada música «clássica», tudo aquilo que os compositores compõem está pronto para ser executado por vozes e instrumentos bem definidos. Tudo o que pode ser notado foi notado na partitura, até ao mais pequeno pormenor instrumental. No jazz, a improvisação é, normalmente a regra. Mas a improvisação tornou-se perigosa quando se quis reunir grandes orquestras. Tornou-se então habitual o estabelecimento de um «arranjo» prévio do tema escolhido. Na música de variedades, é simultaneamente um princípio sagrado e uma necessidade. Uma necessidade, porque muitos criadores de canções não têm uma formação de compositores: é necessário ultrapassá-los para corrigir, harmonizar, instrumentar as suas ideias melódicas..." Continuando, os arranjos de uma música são, na minha opinião, como a narrativa de um filme. Os filmes comerciais têm uma narrativa fácil de entender e os filmes alternativos têm uma narrativa com uma introdução bem definida e elaborada, por vezes fazendo lembrar o jazz na sua liberdade, mas também muitas vezes trabalhada por secções e até construída por imagens e sons. A forma de construcção, a organização por secções musicais, a relação de partes de música com outras, partes mais calmas intermédias e finais épicos, relação de músicas com outras em termos de melodia e até às vezes de letra, poder-se contar uma história e vocalidade melódica e elaborada que só um verdadeiro artista faz como vemos na Ópera; Este tipo de arranjos e musicalidade é o que falta à música portuguesa, isto é música, e é precisamente o que o povo português foge a sete pés, tanto como todos os outros aspectos da arte e da cultura em geral, e particularmente também da literatura, mas isso deixamos para outro dia. Só tenho a referir que hoje não vai haver nenhuma imagem para embelezar o texto ou torná-lo mais fácil de ler. Só quem tiver realmente cabeça para ler uns quantos parágrafos sobre um tema interessante e uma tomada de posição, vai compreender o que se passa com este povo enfadonho. Não vou escrever um texto curto e fácil de ler para que todos vejam e digam: "olha que bonito..." Eu quero que os intelectuais não fiquem na deles, ensinem-me a mim e aprendam de mim, e se juntem a mim nesta luta pelo enriquecimento cultural do povo português, já que o governo se recusa a dar esse tipo de educação às pessoas.

Como grande admirador dos Dream Theater, vou colocar aqui um video para vocês compreenderem o que é música e se for demasiado para a vossa cabeça, certamente não irão gostar: http://www.youtube.com/watch?v=9HVhQc7foXQ

Vou também colocar aqui um bocado de Jazz Experimental do qual eu também sou um grande fã: http://www.youtube.com/watch?v=hh7PB7AsEBI

3 comentários:

  1. Tens muita razão no título da postagem. As pessoas quando falam de música parecem autênticas vacas.

    ResponderExcluir
  2. Para quem gostar de Jazz Experimental ouçam John Scofield, k é um músico k admiro bastante ;)

    http://www.youtube.com/watch?v=GRzFaurWyjc

    ResponderExcluir
  3. Mais uma vez um post genial. És um génio e um visionário Karluz. Acredita que com este blog tens muitos fãs, não foste entregue ao público mau e ignorante. Boa sorte e continua a escrever assim.

    ResponderExcluir

Comenta isto pá! Vamos a isso, quanto mais escreves mais estragas dedos!